GOVERNO, GOVERNABILIDADE E GOVERNANÇA
Governar nunca foi fácil. Ultimamente anda mais difícil ainda. A política enquanto instituição, desde que me lembro por gente, sempre foi algo desacreditado. Minha geração pensa em política e lembra da estranha morte de Tancredo, plano Collor, inflação, mensalão, máfia dos sanguessugas, operação satiagraha, Carlinhos Cachoeira, cartel do metrô, lava jato, impeachment, etc. Isso para mencionar alguns exemplos famosos como a contemporânea farsa das Lojas Americanas.
Quando falamos de Governo, nos referimos à organização do Estado e sua ordem jurídica. O que norteia uma sociedade tem que ser sua organização jurídica e a existência de instituições fortes e sabedoras do seu papel. Esse conjunto é que congrega as pessoas, e a ideia de sociedade e direito obviamente estão empiricamente ligadas.
Uma sociedade desorganizada é uma contradição nos próprios termos, já que se pressupõe uma congregação de pessoas. Quando se fala então do Estado, regido por Lei, epistemologicamente seria impensável imaginá-lo sem organização. Que mundo estamos vivendo que parece que realmente ficou de “cabeça para baixo”. A magna carta, que deveria nos constituir com clareza, parece apresentar interpretações convenientes a quem lê, em uma espécie de hermenêutica jurídica. Pobre filho de Zeus, se fosse tentar compreender os nossos dias, principalmente nas últimas décadas.
Como estou inspirado chegamos então ao vocábulo: governo; afinal de que forma se conduziria tudo isso? De 5 de outubro de 1988 para cá muita água passou por baixo da ponte do nosso Estado Democrático de Direito. Quem governa quase sempre se esqueceu de quem deveria ser de fato o detentor do poder: o povo! Foi um tal de “Eu sou” que quase não demos conta de sobreviver.
Dizem que para bem governar é preciso governabilidade, o que etimologicamente poderia ser fácil, mas a governabilidade sai do campo jurídico e vai para o campo político e é exatamente nesse ponto que o bicho pega e que tenho a impressão de que sempre esbarramos nos interesses próprios. O bem comum quase sempre foi tratado em grande escala só como discurso. Tudo isso misturado levaria a governança, que globalizada por fatores como o advento das redes sociais, cria um cenário a meu ver confuso e desanimador para o nosso futuro.
Luís Alberto de Moraes – @luis.alb – Autor do livro “Costurando o Tempo – dos Caminhos que Passei”